Fernão de Magalhães morreu há 501 anos

Estrutura de Missão Apr 27 2022

27 de abril de 1521… Há 501 anos, Fernão de Magalhães morreu em combate na Ilha …

27 de abril de 1521… Há 501 anos, Fernão de Magalhães morreu em combate na Ilha de Mactan, no arquipélago das Filipinas.
No livro “Relação da primeira viagem em torno do mundo” de Joana Lima, com base no diário de Antonio Pigafetta e o apoio da Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação comandada pelo navegador português, pode ler-se:

“…Quando a manhã chegou, quarenta e nove homens saltámos para a água, que nos dava pelas coxas, e nela andámos mais de dois tiros de balestra até que pudéssemos chegar à praia. Os barcos não puderam vir mais adiante porque havia algumas rochas na água. Os outros onze homens permaneceram atrás para guardar os barcos. Quando chegámos a terra, este povo havia feito três esquadrões de mais de mil e quinhentos homens.
“…Quando a manhã chegou, quarenta e nove homens saltámos para a água, que nos dava pelas coxas, e nela andámos mais de dois tiros de balestra até que pudéssemos chegar à praia. Os barcos não puderam vir mais adiante porque havia algumas rochas na água. Os outros onze homens permaneceram atrás para guardar os barcos. Quando chegámos a terra, este povo havia feito três esquadrões de mais de mil e quinhentos homens.

Subitamente, escutando-nos, vieram até nós com gritos altíssimos, dois esquadrões pelos flancos e o outro pela frente. O capitão, quando viu isto, dividiu-nos em duas metades e assim começámos a combater. Os escopeteiros e os balestreiros atiraram desde longe durante meia-hora em vão, somente lhes atingindo os escudos feitos de madeira fina e os braços. O capitão gritava «Não atirai, não atirai!», mas não lhes valia de nada. Quando estes viram que atirávamos as escopetas em vão, gritando determinaram ficar firmes; mas muito mais gritaram quando as escopetas esgotaram as munições.

Não ficavam parados, saltando de um lado para o outro, cobertos com os seus escudos.

Atiravam-nos tantas flechas e lanças de cana, algumas de ferro; ao capitão-general estacas endurecidas com fogo, pedras e lama. Mal nos podíamos defender. Vendo isto, o capitão-general mandou alguns homens queimar as casas destes para os espaventar. Quando estes viram as suas casas a arder, tornaram-se mais ferozes. Perto das casas, foram mortos dois dos nossos, e vinte ou trinta casas lhes queimámos. Tantos arremessaram contra nós que atravessaram com uma flecha envenenada a perna direita do capitão, por isso ele ordenou que nos retirássemos pouco a pouco, mas muitos fugiram subitamente ficando cerca de seis ou oito de nós com o capitão.

Estes indígenas não atiravam para outro lado que não as pernas, porque as tínhamos desnudas. A tantas lanças e pedras que nos atiravam não podíamos resistir. As bombardas dos barcos, por estarem demasiado longe, não nos podiam ajudar, por isso começámos a afastar-nos mais de um bom tiro de balestra da praia, sempre combatendo na água, que dava pelo joelho.

Seguiram-nos sempre e, buscando a mesma lança, quatro ou seis vezes no-la atiravam. Estes, reconhecendo o capitão, tanto arremessaram contra ele que por duas vezes lhe arrancaram o capacete da cabeça, mas ele, como bom cavaleiro, permaneceu sempre firme, a par de alguns outros. Mais de uma hora assim combatemos e, não se querendo retirar, um índio atirou uma flecha feita de cana ao rosto do capitão. Logo o capitão o matou com a sua lança, a qual deixou no seu corpo. Depois, querendo deitar a mão à espada, não conseguia levantá-la mais do que até metade porque tinha uma ferida causada pela flecha no braço. Quando viram isto, todos foram para cima dele.

Um com um grande terciado (que é como uma cimitarra, mas maior) fez-lhe uma ferida na perna esquerda, pela qual o capitão caiu com o rosto para diante.

Logo foram para cima dele com lanças de ferro e de cana e com aqueles seus terciadí, até que mataram o nosso espelho, o nosso lume, o nosso conforto e o nosso verdadeiro guia. Enquanto o feriam, muitas vezes ele se voltou para trás para ver se estávamos todos dentro dos barcos. Depois, vendo-o morto, feridos retirámo-nos para os barcos que já partiam. O rei cristão ter-nos-ia ajudado, mas o capitão, antes de irmos para terra, ordenou-lhe que não saísse do seu balanghai e ficasse a ver de que modo combatíamos. Quando o rei soube que este estava morto, chorou. Se não fosse o nosso pobre capitão, nenhum de nós se salvava nos barcos, porque, enquanto ele combatia, os outros se retiravam para os barcos. Tenho esperança, pelos esforços de vossa ilustríssima senhoria, que a fama de um tão generoso capitão não seja extinta nos nossos tempos. Além das outras virtudes que havia nele, era o mais constante numa grandíssima tormenta, mais do que qualquer outro; suportava a fome mais do que todos os outros; e mais justamente do que qualquer homem que existisse no mundo carteava e navegava e, sendo isto verdade, vê-se claramente não haver nenhum outro com tanto engenho nem ousadia de saber dar uma volta ao mundo como já quase ele havia dado. Esta batalha foi feita no Sábado de vinte e sete de Abril de 1521 (o capitão quis fazê-la num Sábado, porque era o dia do qual era devoto), no qual oito dos nossos e quatro índios feitos cristãos que vieram depois ajudar-nos foram mortos pelas bombardas dos barcos com ele; dos inimigos, apenas morreram quinze, mas muitos de nós ficámos feridos.”