Magalhães e o planeta

Entre 1519 e 1522, a expedição de Magalhães foi a primeira a circum-navegar o mundo. Naqueles …

Entre 1519 e 1522, a expedição de Magalhães foi a primeira a circum-navegar o mundo. Naqueles dias, a exploração de novas regiões e áreas oceânicas era toda sobre a descoberta de novas terras, recursos e oportunidades comerciais O Oceano naqueles tempos era “apenas” o veiculo de ligação entre povos, num planeta que se julgava inesgotável.

O nosso Planeta hoje enfrenta o desafio de entender e lidar com o Antropoceno. Este conceito é cada vez mais aceite como o atual período especial onde a ação humana tem um efeito direto no nosso planeta, em termos de clima ou disponibilidade de recursos naturais.

Daí advém a competição que verificamos atualmente a nível planetário pela exploração de recursos naturais que sustentem os atuais modelos de desenvolvimento e que originou que o Oceano passasse a ser considerado como uma extensão dos territórios terrestres. Se por séculos o espaço marítimo foi considerado como espaço de mobilidade (uma estrada para outros espaços) hoje há uma clara intenção de aplicar conceitos “terrestres” ao espaço oceânico.

Hoje, o oceano é uma fonte de alimento, energia, minerais, cada vez mais de medicamentos; regula o clima da Terra e abriga a maior diversidade de vida e ecossistemas, e é um provedor de serviços económicos, sociais e culturais para a humanidade. Mas também é verdade que o Oceano enfrenta problemas urgentes como a acidificação dos oceanos; poluição marinha; sobre-exploração de vários stocks de peixes. 

Este factos e problemas são impossíveis de resolver unicamente por uma soberania e jurisdição nacional. Nós realmente precisamos de uma abordagem holística e partilhada para uma gestão sustentável do nosso Oceano. É necessário desenvolver ferramentas e atividades que possam ser transformadoras na forma como as pessoas, governos e outras partes interessadas vêm o oceano. Conhecer e entender a influência do oceano em nós e a nossa influência no oceano é crucial para viver e agir no presente e legar um Planeta para as gerações futuras. 

Não teria havido circum-navegação do planeta sem o espirito ousado do Português Fernão Magalhães, que deu outro significado à palavra internacional, porque descobriu “novos mundos” e sem um Oceano que abraça o planeta terra, e que condiciona a vida humana de forma determinante.

Por razões históricas, culturais e económicas, os Oceanos, que são um único, moldaram e moldam as nossas vidas portuguesas e a forma como nos relacionamos com os outros e nos tornamos parte da comunidade internacional. Os oceanos são, portanto, um elemento fundamental e estruturante da nossa identidade.

Nós somos um país marítimo.