Pinguim de Magalhães: uma homenagem viva ao navegador português

Estrutura de Missão Jan 16 2021

A viagem de circum-navegação permitiu a Fernão de Magalhães e à sua tripulação, descobrir mais do …

A viagem de circum-navegação permitiu a Fernão de Magalhães e à sua tripulação, descobrir mais do que apenas territórios marítimos e terrestres. Antonio Pigafetta, um cronista italiano, pertencente à tripulação desta grande viagem, descreveu com detalhe tudo o que observou, no decorrer da maior experiência da sua vida. Foi no ano de 1520 que avistaram os chamados “gansos selvagens”. Esta definição, escrita por Pigafetta, deu origem à primeira citação histórica desta espécie de pinguins.

Devido a este acontecimento, o Pinguim de Magalhães foi batizado em homenagem a Fernão de Magalhães, onde adotou o apelido deste tão conhecido navegador português.

Com nome científico de Spheniscus Magellanicus, este pinguim pode ser encontrado na costa do oceano Pacífico e Atlântico da América do Sul, na Argentina, Chile, Uruguai, Ilhas Falkland e também no Sul do Brasil. Ao contrário do que se possa pensar, nem todos os pinguins habitam no gelo. Esta espécie é a prova disso, pois habita em zonas com temperaturas mais amenas.

O Pinguim de Magalhães é uma ave adaptada para mergulhar e não para voar, pois possui um esqueleto sólido e não oco. O seu tamanho pode variar entre os 35 e 45 centímetros de altura e o seu peso entre os três e os 4,5 quilos. A sua penugem de duas camadas protege das temperaturas frias e permite que o seu atrito na água seja reduzido, tornando-os em ótimos nadadores.

Zazu, o Pinguim de Magalhães que nasceu em maio, no Oceanário de Lisboa.

Quando um Pinguim de Magalhães nasce, o seu pelo é castanho, o que facilita a sua identificação na colónia. Rapidamente atinge um tamanho semelhante ao dos pinguins adultos, mas durante a sua adolescência a cor do seu pelo fica cinzenta, marcando a sua imaturidade sexual. À medida que se aproxima da idade adulta, despede-se da sua penugem juvenil e adquire as características inconfundíveis da sua espécie: cabeça, bico e dorso pretos, com a barriga e peito brancos, com um colar e uma faixa peitoral preta em redor da área ventral branca.

Zazu, o Pinguim de Magalhães que nasceu no Oceanário de Lisboa, após quatro meses.

Na época de acasalamento, caso o pinguim macho não tenha parceira, faz um chamamento semelhante ao zurro de um burro para atrair as fêmeas solteiras. Estas vocalizações também podem ser utilizadas em comportamentos de defesa de território.

O Pinguim de Magalhães vive no mar e zona costeira, onde acompanha a migração do seu alimento de eleição, a anchova. Na época de reprodução, que ocorre entre os meses de setembro e abril, dirige-se a terra para nidificar. Habitualmente os machos chegam um pouco mais cedo, para garantir que o seu espaço não se encontra ameaçado por outro pinguim oportunista. Mais tarde, a fêmea consegue localizar o seu parceiro através do som do seu chamamento específico. Estes pinguins são monógamos, o que significa que quando é escolhido um parceiro, ficam juntos a vida toda.

Ao contrário de outros pinguins, põem dois ovos, ambos incubados pelos dois progenitores, durante cerca de 40 dias, em ninhos de buracos forrados com penas e paus, que protegem os pintos do vento e chuva fria. Durante a incubação até ao nascimento da sua cria, os pais alternam entre os papeis de cuidador e caçador para garantir a segurança e alimentação da sua família.

Outro motivo que torna esta espécie única, é o facto de não se sentirem ameaçados em relação à proximidade da presença humana.

No entanto, devido à sua classificação como espécie “Quase Ameaçada”, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, a Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem, em conjunto com outras organizações ambientais, pôs em prática ações, como a proteção dos principais locais de reprodução e nidificação, a monitorização das populações de pinguins e ainda, com a província de Chubut, na Argentina, a alteração das rotas dos navios petroleiros.