“Prémio António Quadros 2022 HISTÓRIA” distingue obras sobre a circum-navegação de Fernão de Magalhães

Estrutura de Missão Jun 2 2022

Os livros “Atravessando a Porta do Pacifico, Roteiros e Relatos da Travessia do Estreito de Magalhães, …

Os livros “Atravessando a Porta do Pacifico, Roteiros e Relatos da Travessia do Estreito de Magalhães, 1520-1620” e “Desenhando a Porta do Pacifico, mapas, Cartas e outras Representações Visuais do Estreito de Magalhães”, ambos produzidos com o apoio da Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação comandada por Fernão de Magalhães, foram distinguidos com o prestigiado “Prémio António Quadros 2022 HISTÓRIA”.

Na atribuição do Prémio António Quadros 2022 HISTÓRIA, o júri procurou galardoar uma obra que se tivesse distinguido, entre 2020 e 2021, no âmbito da História de Portugal, uma temática tão amada e trabalhada por António Quadros.

Nesse sentido, o júri, numa única sessão, deliberou por unanimidade atribuir este prémio ao conjunto de duas obras complementares, da autoria de Henrique Leitão e Jose Maria Moreno Madrid, realizadas no âmbito das Comemorações do V Centenário Comemorações do V Centenário do reconhecimento do Estreito de Magalhães. Este, como se sabe, abriu ao mundo a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacifico. A importância mundial deste acontecimento levaria, séculos mais tarde a NASA a batizar com o nome Magellan (Magalhães) uma sonda espacial que partiu para Vénus a 4 de maio de 1989.

A complementaridade entre estas duas obras é fundamental já que, como os próprios autores afirmaram «história das primeiras representações visuais do Estreito de Magalhães entende-se muito melhor quando acompanhada dos textos que as motivaram, e vice-versa».

Com o título, “Atravessando a Porta do Pacifico, Roteiros e Relatos da Travessia do Estreito de Magalhães, 1520-1620”, o primeiro livro a ser editado no final de 2020, apresenta uma serie de relatos, alguns dos quais inéditos relativos aos primeiros cem anos da travessia do Estreito. O critério de seleção dos autores teve como objetivo dar a conhecer ao leitor comum as dificuldades encontradas pelos primeiros navegadores que enfrentaram um estreito desconhecido mostrando simultaneamente os aspetos técnicos, geográficos, náuticos, meteorológicos e científicos com que podiam, então, contar. Alguma desta documentação nunca fora publicada em Portugal passando agora a estar disponível.

Aliás, é interessante verificar que poucas obras portuguesas se têm dedicado ao estudo da viagem de Fernão de Magalhães. Felizmente, a Estrutura de Missão criada para as Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães (EMCFM) veio colmatar essa falha.

O segundo livro, editado em meados de 2021 com o título “Desenhando a Porta do Pacifico, mapas, Cartas e outras Representações Visuais do Estreito de Magalhães”, reúne setenta cartas náuticas e muitas outras representações do Estreito de Magalhães. Desenhadas entre 1520 e 1571 estão arquivadas em arquivos nacionais e estrangeiros dispersos um pouco por todo o mundo. Qualquer investigador ou estudioso poderá agora ter uma visão de conjunto muito mais alargada com a facilidade de saber aonde poderá encontrar, se assim o quiser, o original.

O resultado para a historiografia do trabalho realizado pela dupla, Henrique Leitão e José Maria Moreno Madrid, é inquestionavelmente importante. Tem o interesse suplementar ter resultado de uma parceria ibérica que, de certo modo, homenageia a parceria original Fernão de Magalhães/Sebastian Elcano.

Com toda a certeza, nem Magalhães nem Elcano, quando fizeram a sua viagem, em 1520, (que terminaria nesse ano com a morte de Magalhães e, seis anos depois, na segunda travessia do Estreito com a morte de Elcano) pensariam em termos de globalização, um conceito que nos é hoje tão caro. Muito provavelmente partiam motivados pela aventura, pela vontade de se superarem a si próprios e de seguirem aquilo que pensavam ser verdade.

Sabemos que quase todos os avanços da Humanidade abrem uma Caixa de Pandora que pode traduzir-se em guerras, mortes, exploração indígena, destruição da natureza etc. No entanto, há sempre um saldo muito positivo em todos eles porque, quer queiramos quer não, é assim que se cresce e, esperamos, nos poderemos tornar mais humanos, mais fraternos e mais tolerantes.